Acordei, para variar cheia de sono, ao som de um rosnar felino. “Oh deuses!”, pensei para comigo, “qual das bolas de pêlo está com má disposição matinal. Será que bebeu leite estragado, ou foi beber água à sanita? Sei que pode parecer pouco higiénico, mas como explicar isso aos gatos? Até hoje ainda não descobri!” Mas nenhuma destas situações tinha ocorrido. A Pulga, dona de seu nariz, primeira gata da casa, cheia de talento para “parkur”, pois não há parede que lhe escape, ainda acha que todo o espaço lhe pertence. Com apenas 3 anos, mas que equivalem a 25 de vida felinos, apercebeu-se ao fim de 9 horas, que tinha dormido com a Sol! “Dormir ao pé daquela que roubou o meu saco de pulgas Eusébio, gordo, comilão, mas muito quentinho, não pode ser!!!” Certamente terá sido o pensamento da Pulga, a avaliar pelo rosnanço. Mas no que toca a dormir, e de acordo com a intensidade do sono, os gatos nem se apercebem quando algum se encosta a eles. A Sol é uma gata que adora aconchegar-se e fá-lo onde for. De preferência aninha-se junto dos outros gatos ou enfia-se debaixo das cobertas. Hábito de miúda! Desde pequena que dorme “colada” a mim, ou até há uns meses, aninhada na Willy. Desde que a Sol se mudou lá para casa, a Pulga tem constantemente algo na garganta. É que a Sol, que tem 4 anos, ou seja 29, está prestes a entrar na fase da “2ª adolescência”, é loura – como costumo dizer – e está-se borrifando para os rosnanços da Pulga. Além de ser mais velha, deu algumas alegrias ao Eusébio até ser castrada. Não que tivessem procriado um bando de bolas de pêlo pequenas, mas deram umas voltas um com o outro, se é que me faço entender. O Eusébio está mais do que castrado. Está castradissímo! Teve de ser por duas vezes. Na primeira, apenas a veterinária conseguiu tirar um “tintin” - termo utilizado por alguns vetrinários para a definição de testiculos. “O outro ainda não desceu. E até pode ser que nunca desça. Espere mais uns tempos!” dizia a veterinária entre risos. E ao final de 2 meses, o Eusébio despediu-se do seu segundo “tintin”. “Ah pois, gato que é gato, é assim mesmo! Tem um ai um verdadeiro macho. Ser castrado por duas vezes, não é para qualquer um!”, proferia entre gargalhadas a veterinária. E que macho! Nem mesmo depois de castrado deixou de andar atrás das gatas. E por isso, talvez a Pulga não aceite muito bem o facto de haver uma loura, que adora dormir colada ao macho da casa, ande a fazer-lhe concorrência. A Sol, foi a terceira menina da casa, a Camila a quarta. O segundo lugar coube à Willy, uma senhora gata de 14 anos, ou melhor, 69 anos.
Posso, quase concluir, que tal como o ser humano, os gatos não gostam de concorrência, muito menos de amigas que gostam de nos passar a mão pelo pêlo!
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